Sigmund Freud, o tabagismo e a eutanásia!

Artigo medico sobre tabagismo.

MEDICINA

6/16/20242 min read

Há aproximadamente 40 anos venho orientando e tratando pacientes dependentes químicos da nicotina. Esse poderoso alcaloide, “Nicotiana tabacum”, pode ser considerado uma das drogas mais viciantes que se conhece no mundo. Uma vez introduzida no organismo pelo ato de fumar, em sete segundos ela chega ao cérebro, estimulando várias regiões do sistema nervoso central, aumentando as atividades psicológicas cognitivas superiores como: a percepção, a atenção, a memória, a vigília, e a concentração. Daí concluímos que essa ação cognitiva sobre o cérebro humano, seja responsabilizada como estímulos positivos que dificultam a abstinência ao tabaco.

O médico Sigmund Freud, um dos maiores gênios da humanidade, criador da psicanalise, era um fumante inveterado de charutos e persistiu neste vício terrível por mais de cinquenta anos, o que o levou a um sofrimento extremo e a morte. Ele sabia perfeitamente o que tinha e o que o havia causado. Não seria melhor ele ter sido submetido a um tratamento com um colega psicanalista para não continuar se enganando? Ele começou a fumar aos 24 anos de idade, consumindo em média vinte charutos por dia. E raramente era fotografado sem a companhia de seu charuto na mão. Freud declarou diversas vezes que não conseguiria trabalhar sem charutos e que “fumar era um dos seus maiores prazeres na vida”. Aos 67 anos começou sua trajetória de sofrimento, quando notou o crescimento de tecido em torno de uma placa branca (leucoplasia) perto da amigdala direita espalhando-se um pouco pelo palato. Procurou o médico cirurgião Dr. Markus Hejek que indicou uma cirurgia. Foi imediatamente operado, complicou com severa hemorragia que foi controlada com extrema dificuldade e submeteu-se por alguns meses a várias sessões de radioterapia. Seis meses após a cirurgia, por sofrer de dores constantes e pela exacerbação da doença, que agora se manifestava como uma grande ulceração e uma massa crescendo abaixo da clavícula, foi novamente operado em dois estágios. No primeiro operou o lado direito que removeu gânglios afetados pelo tumor e seis meses depois removeu o tumor da boca e do maxilar e parte da mandíbula direita. Foi colocado uma prótese metálica, pois a boca estava se comunicando com a cavidade nasal. Mesmo passando por tudo isso continuou fumando. Por algum tempo, temendo que seu cirurgião lhe pedisse para não mais fumar, manteve o vício em segredo. Durante 16 anos passou por 33 cirurgias. Para falar ou alimentar-se necessitava de prótese na boca. O mau cheiro que exalava do seu tumor era nauseante e nos últimos anos de vida sofria de dores lancinantes que levava seu amigo e médico particular Dr. Max Schur às lágrimas.

O pai da psicanalise via símbolos fálicos em todos os lugares, mas ainda assim admitia que “as vezes um charuto é só um charuto”. Aos 83 anos, chamou seu amigo e colega Max Schur, o médico que o tratava há muitos anos, e disse: “agora minha vida não passa de permanente tortura. Esta tortura não faz mais sentido”. Mais tarde, Schur testemunhou: “injetei-lhe dois centigramas de morfina. Repeti a dose após cerca de doze horas depois. Freud caiu em coma e não mais despertou”.

Quem sabe o tabagismo o ajudava a lidar com seus próprios conflitos emocionais e com seus fantasmas pessoais! Deu para sentir o drama?

O tabagismo não compensa!

Josias Cavalcante.